A influência da Alimentação na Saúde Instestinal de Cães e Gatos
A influência da Alimentação na Saúde Instestinal de Cães e Gatos
*Por Rafael Santana
De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 44,3% dos lares brasileiros têm ao menos um cão e 17,7%, ao menos um gato. No total, o país apresenta 132,4 milhões de pets, dos quais 52,2 milhões são cachorros e 22,1 milhões são gatos.
Diante de tantas pessoas apaixonadas e preocupadas com os seus animais, a indústria de alimentos pets evoluiu expressivamente nos últimos dez anos e, cada vez mais, está se especializando na produção de itens que não somente atendam às exigências nutricionais, mas que também tragam benefícios à saúde.
Sempre que falamos em alimentos ligados à saudabilidade, não podemos deixar de pensar na importância da avaliação com o trato gastrointestinal (TGI) para garantir o seu bom funcionamento. Em geral, a saúde do intestino se traduz nas boas características morfológicas do epitélio (criptas, vilosidades e integridade); no equilíbrio do microbioma; na resposta imunológica adequada dos tecidos linfoides adjacentes; na boa digestão; e no aproveitamento de nutrientes.
Quanto ao bom funcionamento intestinal dos pets, tem-se como principal parâmetro o fluxo e a morfologia das fezes que devem ser bem formadas, levemente úmidas e regulares, além dos padrões morfológicos e anatômicos avaliados no exame clínico do abdômen.
Todos esses aspectos são passíveis de alteração por conta da dieta ou de doenças intestinais que irão refletir diretamente na condição geral de saúde dos cães e gatos. Quando acometidos por doenças - sejam elas do próprio TGI ou secundárias -, os animais podem apresentar sintomas que vão desde o emagrecimento até a desidratação, a perda de apetite, fezes mal formadas e fétidas, aumento de volume abdominal e a redução do escore de condição corporal.
A importância do estímulo por meio do alimento diário tem feito com que as indústrias incluam ingredientes e aditivos funcionais em suas formulações, em busca de auxiliar o TGI nas suas interfaces e relações com os demais sistemas e fatores diretos e indiretos. O principal exemplo é a inclusão dos prebióticos e probióticos que têm como objetivo promover o equilíbrio do microbioma intestinal, estimulando a multiplicação e o predomínio dos organismos benéficos que estão presentes no intestino dos animais.
Expandindo mais a visão sobre todas as estratégias adotadas, muitos outros aditivos e ingredientes apresentam potencialidades interessantes. Elas vão desde a modulação da resposta imunológica local do intestino até a contribuição para mudanças morfológicas do epitélio intestinal e a proteção contra microtoxinas. No entanto, alguns desses aditivos e ingredientes ainda precisam superar desafios para comprovar os seus benefícios, sendo submetidos a experimentos bem estruturados, rigorosos e com resultados consistentes.
Mais recentemente, muitas linhas de pesquisas são formadas para entender melhor como os animais em condições especiais lidam com as dietas e quais estratégias nutricionais podem ser adotadas para auxiliá-los no processo digestivo, no aproveitamento de nutrientes e na manutenção da saúde intestinal.
Essas contribuições à saúde intestinal também passaram a ter destaque no atendimento das demandas dos consumidores, que a cada dia compreendem que animais de diferentes raças, tamanhos e idades podem apresentar necessidades diversas na complementação de suas dietas, que por sua vez exige a orientação e acompanhamento de médicos veterinários especializados.
Diante dessas diferentes situações, conclui-se que a saúde e o bom funcionamento intestinal são influenciados diretamente por uma complexa combinação de fatores. Para atuarmos nesse processo, é fundamental o bom entendimento de tudo o que envolve o seu contexto.
* Rafael Santana é médico veterinário e responsável pelo mercado de nutrição animal da Concepta Ingredients, unidade de negócio pertencente ao Grupo Sabará, especializada no desenvolvimento de soluções naturais e tecnológicas, com foco nas indústrias de alimentos, bebidas, nutrição animal e farmacêutica veterinária.